Numa noite quente sinto a
brisa fria que me percorre o rosto, esboço um sorriso amargo e a magia
envolve-me. Pego numa caneta, e ela enfeitiçada escreve sem ter ordem, sinto os
fantasmas do passado nestas linhas que me consomem, linhas preenchidas por
feridas mal saradas, Fecho os olhos e tudo desvanece, disperso-me da dor mas
ela não desaparece, fecho os punhos, tento ter a força para lutar. Oiço
segredos no ouvido e promessas por cumprir, os meus objectivos camuflados e uma
enorme vontade de desistir. Disfarço a minha rotina por obrigações controladas,
abro os olhos e não consigo ver o que era suposto, os muros que ergui não me
deixam ver a luz, olho-me ao espelho e vejo as marcas das batalhas que nunca
combati, tento ser feliz mas a tristeza atrapalha, viver é o pesadelo do qual
não consigo acordar, a felicidade, essa sim, não consigo conquistar. Aquilo que
fui ontem, amanha já não serei, e amanha vou ser o eco do que hoje tentei
defender. A caneta sem tinta
não pára de escrever, não é tempo nem silêncio, não há nada a perder. Sinto-me
abanada pelo vento e procurada pelo medo, Tempo é a doença para a qual não
tenho a cura, é uma ferida cozida com pontos de reticências. Sinto uma dor
atrevida que opina sem razão, tenho a felicidade com passagem interdita.
Sem comentários:
Enviar um comentário