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<A certa
altura do dia prometi-me a mim mesma que não era hoje o dia em que te fazia um
mini testamento que no fim iria dizer o quanto te amava, prometi que
não ia recontar cada pormenor do nosso passado, cada virgula do nosso
presente, cada ponto do nosso futuro. E achei a palavra chave. « prometer » .
A
história que nós construímos foi feita de promessas, ambos estamos
ligados por promessas que dizemos que nunca serão rompidas, estamos comprometidos
por mais e mais promessas que nos unem a meio de dias eternos de saudade,
promessas que nos tornam os maiores cúmplices de um amor sem fim, promessas que
ditas na noite mais chuvosa, onde oiço as gotas caírem sobre o meu
telhado como se outro alguém tivesse a chorar para além de mim, me
satisfazem a vulgar vontade interminável de receber um beijo teu,
promessas que ao serem sussurradas a um telefonema me fazem sentir-te a agarrar
me na mão, e eu sussurro depois no silêncio do meu quarto um 'amo-te' que ainda
espero que oiças e agarres contra o teu peito. Mas cada vez as promessas se
tornam mais importantes, cada vez vejo mais as promessas como a única maneira
de sentir que ainda me amas, vejo as promessas como um limite da emoção onde se
encontra a falésia de um sentimento vulgarmente copiado e julgado nos olhares
dos outros, vejo as promessas como um 'sempre' que gritas-te na solidão do teu
ser. Dantes eu acordava ia a correr para a casa de banho e perguntava ao espelho
'para quem é que eu estou a viver?', não obtinha resposta, baixava a cabeça e
com as lágrimas nos olhos fazia um sorriso mentindo e aquele dia tornava-se
mais um dia igual aos outros. Depois, apareces-te tu e perguntaste-me 'hey eu
vivo para ti, e tu vives para mim?'. Foi aí que o mundo deixou de girar, o
tempo parou como nos filmes de príncipes e princesas, e eu parei também,
sentei-me no chão admirei-te mais uma vez e pensei que , afinal eu vivo para
alguém, eu vivo para ti . Mas hoje, acordei de novo e fui a correr para o
espelho, e perguntei 'para quem é que eu estou a viver?', deixei de
obter a tal resposta, e agora pergunto, afinal quem és tu que dizias viver para
mim ?>
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